segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Em Pauta: Jornais Digitais

Meios animais de comunicação

    Certa noite da primavera de 1986, explodiu a central nuclear de Chernobil.
    O governo soviético deu a ordem de silêncio.
    Muitas pessoas, imensa multidão, morreram  ou sobreviveram transformadas em bombas ambulantes, mas a televisão, o rádio e os jornais não ficaram sabendo. E depois de três dias, não violaram o segredo para advertir que aquela explosão de radioatividade era uma nova Hiroshima, mas asseguraram que se tratava de um acidente menor, coisa de nada, tudo sob controle, que ninguém se alarme.
   Os camponeses e os pescadores de terras é águas vizinhas e distantes souberam que alguma coisa muito grave tinha acontecido. Quem lhes transmitiu a má notícia foram as abelhas, as vespas e as aves que alçaram vôo e se perderam de vista no horizonte, e as minhocas que se afundaram um metro debaixo da terra e deixaram os pescadores sem isca e as galinhas sem comida.
    Duas décadas depois, explodiu o tsunami no sudeste da Ásia e ondas gigantes engoliram a multidão.
    Quando a tragédia estava se incubando, e a terra recém começava a rugir nas profundezas do mar, os elefantes fizeram soar suas trombas, em desesperados lamentos que ninguém entendeu, e romperam as correntes que os atavam e se lançaram, em desabalada carreira, selva adentro.
   Também os flamingos, os leopardos, os tigres, os javalis, os cervos, os búfalos, os macacos e as serpentes fugiram antes do desastre.
Só os humanos e as tartarugas sucumbiram. (GALEANO, 2008, p. 333).

Com o jornalismo digital, as notícias voam, lançam-se. Atualmente é o meio de comunicação mais rápido de atualização, só seria mais rápido, se os animais munidos de sua sabedoria e intuição, como exposto no texto do grande escritor Eduardo Galeano pudessem participar da web.

Os jornais digitais tem um grande impacto no processo de informação, o imediatismo das notícias é o grande salto dessa forma de se veicular o que é notícia. Além disso, a atualização é outra importante característica do jornalismo online, visto que, “a atualização das notícias pode ocorrer ininterruptamente”. (Mielniczuk, 2001, p. 5).

Nessa lógica de quem publica antes é importante ater-se ao fato da veracidade das notícias veiculadas, conferindo a autoridade do jornal, do jornalista e das fontes utilizadas na notícia.


O alcance de uma notícia, através do jornalismo digital, é enorme, algo antes quase impossível através do jornalismo impresso:

A web representa uma mudança de paradigma comunicacional [...]. Ela oferece um alcance global, rompendo barreiras de tempo e espaço como não tínhamos visto antes. (ALVES, 2006, p. 95).

Ou seja, as notícias podem ser facilmente atualizadas e facilmente alcançadas por leitores em qualquer parte do mundo.





Vídeo sobre jornalismo digital, abordando algumas características.

Nesse processo de webjornalismo Alves (2006) aborda um interessante processo de transferência do poder de escolha. Nas mídias tradicionais (jornal impresso, televisão) quem escolhe as notícias que serão veiculadas é o emissor, no processo de webjornalismo é o receptor que escolherá as notícias de seu interesse:

A comunicação se torna eu-cêntrica porque tenho acesso somente ao que eu quero, na hora em que eu quero, no formato em que eu quero e onde eu quero.
Trata-se, sobretudo, de uma transferência importante de poder ou de privilégio, que passa do emissor para o receptor, numa evidente ruptura dos modelos fechados que se conheciam até agora. (ALVES, 2006, p. 95).

Todos os elementos: jornais digitais, imediatismo, atualização, busca da informação, afetam diretamente o trabalho do profissional da informação. O tratamento e organização dado aos jornais por parte destes profissionais passa a ser diferente ao tratamento dos materiais impressos.

Primeiramente, as unidades de informação deverão equipar-se com computadores ou outros dispositivos que tornem a leitura de jornais eletrônicos possível pelos usuários.
Além disso, o portal da biblioteca deverá conter os endereços eletrônicos dos jornais que mais interessem à unidade, para facilitar a busca dos usuários.


Em um mundo onde o tempo rege os passos das pessoas, acredito que o leitor buscará informações de seu interesse através dos próprios buscadores disponibilizados nos portais dos jornais. O profissional da informação não se preocupará tanto com a indexação desse material, porém terá um papel importante no serviço de referência auxiliando o usuário para que ache a(s) notícia(s) de que necessita.

E tudo isso leva-nos a pensar se os jornais impressos vão desaparecer, sou da opinião que não, ao menos não tão cedo. Sousa (2003) também é dessa mesma opinão, para ele a médio prazo, ao menos eles não desaparecerão:

 Estudos comprovam que a leitura no ecrã exige cerca de trinta por cento mais de esforço dos olhos do que a leitura em papel e tão cedo não teremos uma tecnologia de ecrãs ou de e-paper capaz de contornar este problema. Além disso, o papel é portátil e manuseável. A isto acresce que os jornais com versões impressas e on-line também têm apostado numa lógica de complementaridade e não de competição entre ambas, com a utilização de serviços on-line, como os votos, os concursos e a consulta de anúncios de classificados, para estimular a adesão aos jornais impressos. (SOUSA, 2003).

Uma notícia veiculada no blog A INFORMAÇÃO, em abril de 2009, mostra uma pesquisa que divulga dados sobre o fim do jornal impresso, grande parte dos entrevistados já procura informações na internet, o que faz creer que os jornais impressos poderão desaparecer. Outros fatores como: economia, ecologia, e-readers poderão também interferir nesse processo de transição total do suporte impresso para o digital.


Referências:

ALVES, Rosental Calmon. Jornalismo digital: Dez anos de web… e a revolução continua. Comunicação e Sociedade, Minho, v. 9-10, n. 1, p. 93-102, 2006. Disponível em: <http://revcom2.portcom.intercom.org.br/index.php/cs_um/article/view/4751/4465 >. Acesso em: 24 out. 2010.

GALEANO, Eduardo. Meios animais de comunicação. In: ______. Espelhos: uma história quase universal. Porto Alegre: L&PM, 2008. P. 333.

MIELNICZUK, Luciana. Características e implicações do jornalismo na Web.  2001. Disponível em:  <http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/2001_mielniczuk_caracteristicasimplicacoes.pdf>.  Acesso em: 24 out. 2010.  (Trabalho apresentado no II Congresso da SOPCOM, Lisboa, 2001).
 
SOUSA, Jorge Pedro. Jornalismo on-line. Forum Media, Viseu, n. 5, nov. 2003. Disponível em: <http://www.ipv.pt/forumedia/5/13.htm>. Acesso em: 25 out. 2010.

domingo, 17 de outubro de 2010

Em Pauta: Repositórios de Vídeos


Um repositório digital é uma forma de armazenamento de objetos digitais que tem a capacidade de manter e gerenciar material por longos períodos de tempo e prover o acesso apropriado. (VIANA; MÁRDERO ARELLANO;  SHINTAKU, 2005, p. 3).

Sendo locais de armazenagem e disponibilização da informação, logo, repositórios de vídeos, armazenam e disponibilizam vídeos. 

Para compreender a lógica de um repositório, este vídeo demonstra de forma divertida:








Um exemplo de repositório de vídeos da área de arte e entretenimento é o
PORTA CURTAS
um repositório de curtas-metragens, que tiveram o apoio da Petrobras através das leis de incentivo à cultura.

Os repositórios que oferecem fontes para estudo e pesquisa através de vídeos, ou ainda, apóiam a aprendizagem no processo de ensino-aprendizagem, são chamados de repositórios de vídeos educativos. 

Alguns exemplos de repositórios de vídeos educativos:











YouTube EDU 

O YouTube EDU é um subsite do YouTube, sendo atualmente o maior espaço da rede no quesito  vídeo-aulas. Possui conteúdos voltados à educação, como palestras desenvolvidas em universidades, cursos no formato de vídeo, ou seja, possui conteúdo de diversas universidades e faculdades de renome, como MIT, Stanford, UC Berkeley, UCLA, Yale e / IIT IISc. (COLMAN, 2009).

Disponibilizado a partir de 26 de março de 2009, tem objetivo de oferecer alguns dos maiores cursos universitários para qualquer pessoa com acesso à Internet e uma tela, com o intuito de democratizar o aprendizado.
 
Composto por diversos canais de Universidades, nas mais diversas temáticas, o YouTube EDU, é o resultado não intencional de um grupo de funcionários que tinha o desejo de destacar os grandes conteúdos educacionais disponibilizados no YouTube por universidades e faculdades. (YOUTUBE, 2009).
 
Em março de 2010, época que o repositório completou um ano, as informações disponibilizadas no blog oficial do YouTube (GREENBERG, 2010), informavam alguns números, da ordem de:

  • Mais de 300 universidades e faculdades;
  • Cursos universitários em sete línguas em 10 países;
  • Mais de 350 cursos completos ( aumento de 75% desde o início);
  • Milhares de estudantes que assistem os  vídeos;
  • Mais de 65.000 vídeos.


REFERÊNCIAS:

COLMAN, Dan. Introducing YouTube EDU! Open Culture. 2009. Disponível em: < http://www.openculture.com/2009/03/introducing_youtube_edu.html>. Acesso em: 17 out. 2010.

GREENBERG, Obadiah.  More courses and more college: YouTube EDU turns one. Broadcasting Ourselves, March, 2010. Disponível em: <http://youtube-global.blogspot.com/2010/03/more-courses-and-more-colleges-youtube.html>. Acesso em: 17 out. 2010.

VIANA, Cassandra Lúcia de Maya; MÁRDERO ARELLANO,  Miguel Ángel;  SHINTAKU, Milton. Repositórios institucionais em ciência e tecnologia: uma experiência de customização do Dspace. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECAS DIGITAIS BRASIL, 2005, São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo: USP, 2005.  Disponível em: < http://bibliotecas-cruesp.usp.br/3sibd/docs/viana358.pdf>. Acesso em: 17 out. 2010.

YOUTUBE Team. Releases Notes: 3/26/2009. Broadcasting Ourselves, March, 2009. Disponível em:  <http://youtube-global.blogspot.com/2009/03/release-notes-3262009.html>. Acesso em: 17 out. 2010.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Em Pauta: Vídeos como Fonte de Informação

    Quando estava na 7ª série do ensino fundamental, a professora de história passou uma atividade que consistia em fazer e apresentar um vídeo sobre um determinado período histórico.  Colocamos (eu e mais alguns colegas) nossa criatividade em funcionamento e filmamos um noticiário em “tempo real” da Guerra do Paraguai. Lembro até hoje do dia da filmagem na minha casa. Inclusive na frente da minha casa havia (e há ainda) um prédio abandonado que servia de moradia para sem-tetos. Nós fomos lá para mostrar as “conseqüências” da Guerra. Enfim, tudo isso para dizer que, passados dez anos dessa tarefa, deparo-me com o tema “Vídeo como fonte de informação”.
 
    O sistema de comunicação atual faz uso em grande quantidade das imagens.  Imagens em movimento – vídeos – carregam informações no seu caráter.  Ao mesmo tempo possui diferentes linguagens, o que contribui para seu sucesso.

O vídeo é sensorial, visual, linguagem falada, linguagem musical e escrita. (MORAN, 1995, sem paginação).

    Ao possuir diferentes linguagens, consegue explorar no espectador sentidos, relações, emoções, ou seja, a dinamicidade contribui para que seja cada vez mais utilizado em processos onde a aprendizagem é o objetivo final.

O vídeo explora também e, basicamente, o ver, o visualizar, o ter diante de nós as situações, as pessoas, os cenários, as cores, as relações espaciais (próximo-distante, alto-baixo, direita-esquerda, grande-pequeno, equilíbrio-desequilíbrio). (MORAN, 1995, sem paginação).

   Contribuindo nessa lógica têm-se o caráter persuasivo da imagem:

A imagem é um instrumento de mensagem persuasivo com alto poder de penetração nas diferentes atividades neste final de século. (MARTINS; EGGERT, 1996, p. 4).

     Quanto aos tipos de informações presentes em um vídeo, pode-se dizer que são basicamente de 2 tipos: semântica (de conteúdo) e estética (mensagens artísticas). (SEMELER, 2010)
 
O vídeo digital conecta-se ao campo de estudos de informação no que ele tange os processos de produção, comunicação e uso desta e, assim, é visto como um suporte informacional usado para comunicação audiovisual – como uma memória dialógica que pode ser recuperada, armazenada e disseminada por meio de tecnologias digitais. (SEMELER, 2010, p. 48).

     As facilidades na produção e disseminação de informações na forma audiovisual é uma característica atual. Qualquer máquina fotográfica possui função para gravar, bem como, qualquer computador conectado à internet disponibiliza e recupera um vídeo em minutos.

     Pense em quantas informações não chegariam até nós sem os vídeos?

    Em pesquisa feita pela Havas Digital Brasil, Globosat e Qualibest e disponibilizada no blog Infosfera, diz que os internautas brasileiros consomem o maior tempo na internet  assistindo vídeos, sendo que 96% destes, consomem vídeos de curta duração. Youtube e sites de notícias são algumas das fontes onde são recuperados os vídeos.
     
     Ainda falando em vídeos, mais especificamente na área de Biblioteconomia e afins. Em Portugal há um Festival chamado BiblioFilmes Festival – onde os livros ganham vida. É um festival que promove a criação de vídeos sobre a biblioteca preferida, uma recomendação/crítica de um livro preferido ou de uma atividade de promoção da leitura! A iniciativa é interessantíssima, já está em sua 3ª edição. 
      E é bem fácil participar: fazer o vídeo, postar no youtube, enviar e-mail com o link do vídeo e o vídeo estará concorrendo. E está aberto à participação de toda comunidade de língua portuguesa. Este ano o concurso já encerrou, esperar pelo ano que vem e participar.



REFERÊNCIAS:

MARTINS, Maria Emília Ganzarolli; EGGERT, Gisela. Bibliotecário. Quem é? O que faz? Revista ACB: Biblioteconomia Em Santa Catarina,  Florianópolis, v .1 , n. 1 ,p. 45-48,  1996.

MORAN, José Manuel. O Vídeo na Sala de Aula. Comunicação & Educação, São Paulo, n. 2, jan./abr. 1995. Disponível em: < http://www.eca.usp.br/prof/moran/vidsal.htm>. Acesso em: 04 out. 2010.

SEMELER, Alexandre Ribas. Vídeo digital : imagem, tecnologia e informação. 2010. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Informação) – Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: < http://hdl.handle.net/10183/25630>. Acesso em: 04 out. 2010.