O museu de tudo
Este museu de tudo é museu
Como qualquer outro reunido;
Como museu, tanto pode ser
Caixão de lixo ou arquivo.
Assim, não chega ao vertebrado
Que deve entranhar qualquer livro:
É depósito do que aí está,
Se fez sem risca ou risco.
MELO NETO, João Cabral de
(2009, p. 25)
O ciberespaço proporcionou a inserção dos museus no mundo virtual, e estes passaram de uma “[...] dimensão concreta para a abstrata [...].” (GOUVEIA; DODEBEI, 2007, p. 93).
O acesso remoto e a reprodução das obras, muitas vezes em perspectiva tridimensional (algo que não acontece em fotografias de obras em livros, por exemplo), tornam os webmuseus uma interessante ferramenta para estudo. A visita virtual em museus antes inacessíveis por questões geográficas é facilitada. Museus de arte, de ciências, do cotidiano, de culturas locais, todos podem coexistir no âmbito real e virtual:
“As memórias, nesta fase, são duplicadas em um novo formato, com endereço próprio e uma visibilidade exponencial nunca antes imaginada.” (GOUVEIA; DODEBEI, 2007, p. 93).
A autora Loureiro (2004, p. 104) caracteriza os webmuseus como um aparato informacional, desse ponto de vista apresenta a seguinte definição:
Qualquer organização / ambiente construído com a intenção de produzir, processar e transferir informações, que reúna (fisica ou virtualmente), conserve, documente, registre, pesquise e comunique evidências (materiais ou imateriais) das pessoas e/ou de seu meio ambiente, por meio de originais ou reproduções de qualquer natureza, mantendo interface com a sociedade de modo a propiciar visibilidade / acesso às suas coleções e informações.
A partir deste conceito foi feita uma visita no website do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. A visita não foi feita a fim de conhecer fisicamente o museu, pois por morar na cidade onde ele está situado já visitei-o diversas vezes. Justamente fiz a visita para ter um comparativo entre o real e virtual e confesso que fiquei muito surpresa!
Além de apresentar diversas imagens referentes ao acervo do próprio museu, o site possibilita a visita através de um tour virtual pelo próprio ambiente do museu e por algumas exposições que já foram feitas no local. Este recurso é extremamente enriquecedor e torna-se uma importante ferramenta de disseminação da informação, em vista de que qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo pode acessar estas informações e visitar a exposição selecionada como se estivesse no próprio museu.
A visita virtual, também, suscita a vontade de se fazer uma visita real ao local, por esse motivo achei vantajoso o uso dos recursos disponíveis em museus virtuais.
Convido à todos para visitarem o MARGS, seja na forma virtual ou real.
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Imagens do tour virtual da exposição Arte na França 1860-1960: O Realismo, realizada no MARGS no ano de 2009. Fotógrafo Rique Barbo. |
Deixo ainda um link com uma relação de outros museus que também proporcionam visitas virtuais.
Finalizo com as palavras de Chagas e Storino (2004, p. 6) sobre os museus, sejam na forma real ou virtual:
Eles são janelas, portas e portais; elos poéticos entre a memória e o esquecimento, entre o eu e o outro; elos políticos entre o sim e o não, entre o indivíduo e a sociedade. Tudo o que é humano tem espaço nos museus. Eles são bons para exercitar pensamentos, tocar afetos, estimular ações, inspirações e intuições.
REFERÊNCIAS:
CHAGAS, Mario de Souza; STORINO, Claudia M.P. Os museus são bons para pensar, sentir e agir. Musas: revista brasileirade museus e museologia, Rio de Janeiro, ano 3, n. 3, p. 6-8, 2007.
GOUVEIA, Inês; DODEBEI, Vera. Memória de pessoas, de coisas e de computadores: museus e seus acervos no ciberespaço. Musas: revista brasileirade museus e museologia, Rio de Janeiro, ano 3, n. 3, p. 93-100, 2007.
LOUREIRO, Maria Lucia de Niemeyer Matheus. Webmuseus de arte: aparatos informacionais no ciberespaço. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 2, p. 97-105, maio/ago. 2004.
MELO NETO, João Cabral de. O museu de tudo. In: ______. Museu de tudo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. p. 25.
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