segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Em Pauta: Museus Virtuais

O museu de tudo

Este museu de tudo é museu
Como qualquer outro reunido;
Como museu, tanto pode ser
Caixão de lixo ou arquivo.
Assim, não chega ao vertebrado
Que deve entranhar qualquer livro:
É depósito do que aí está,
Se fez sem risca ou risco.

MELO NETO, João Cabral de
(2009, p. 25)
 

     O ciberespaço proporcionou a inserção dos museus no mundo virtual, e estes passaram de uma “[...] dimensão concreta para a abstrata [...].” (GOUVEIA; DODEBEI, 2007, p. 93).

     O acesso remoto e a reprodução das obras, muitas vezes em perspectiva tridimensional (algo que não acontece em fotografias de obras em livros, por exemplo), tornam os webmuseus uma interessante ferramenta para estudo. A visita virtual em museus antes inacessíveis por questões geográficas é facilitada. Museus de arte, de ciências, do cotidiano, de culturas locais, todos podem coexistir no âmbito real e virtual:

“As memórias, nesta fase, são duplicadas em um novo formato, com endereço próprio e uma visibilidade exponencial nunca antes imaginada.” (GOUVEIA; DODEBEI, 2007, p. 93).

     A autora Loureiro (2004, p. 104) caracteriza os webmuseus como um aparato informacional, desse ponto de vista apresenta a seguinte definição:

Qualquer organização / ambiente construído com a intenção de produzir, processar e transferir informações, que reúna (fisica ou virtualmente), conserve, documente, registre, pesquise e comunique evidências (materiais ou imateriais) das pessoas e/ou de seu meio ambiente, por meio de originais ou reproduções de qualquer natureza, mantendo interface com a sociedade de modo a propiciar visibilidade / acesso às suas coleções e informações.


     A partir deste conceito foi feita uma visita no website do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. A visita não foi feita a fim de conhecer fisicamente o museu, pois por morar na cidade onde ele está situado já visitei-o diversas vezes. Justamente fiz a visita para ter um comparativo entre o real e virtual e confesso que fiquei muito surpresa!

     Além de apresentar diversas imagens referentes ao acervo do próprio museu, o site possibilita a visita através de um tour virtual pelo próprio ambiente do museu e por algumas exposições que já foram feitas no local. Este recurso é extremamente enriquecedor e torna-se uma importante ferramenta de disseminação da informação, em vista de que qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo pode acessar estas informações e visitar a exposição selecionada como se estivesse no próprio museu.

     A visita virtual, também, suscita a vontade de se fazer uma visita real ao local, por esse motivo achei vantajoso o uso dos recursos disponíveis em museus virtuais.

   Convido à todos para visitarem o MARGS, seja na forma virtual ou real. 


Imagens do tour virtual da exposição Arte na França 1860-1960: O Realismo, realizada no MARGS no ano de 2009.
Fotógrafo Rique Barbo.

     Deixo ainda um link com uma relação de outros museus que também proporcionam visitas virtuais. 

     Finalizo com as palavras de Chagas e Storino (2004, p. 6) sobre os museus, sejam na forma real ou virtual:

Eles são janelas, portas e portais; elos poéticos entre a memória e o esquecimento, entre o eu e o outro; elos políticos entre o sim e o não, entre o indivíduo e a sociedade. Tudo o que é humano tem espaço nos museus. Eles são bons para exercitar pensamentos, tocar afetos, estimular ações, inspirações e intuições.

  
REFERÊNCIAS:

CHAGAS, Mario de Souza; STORINO, Claudia M.P. Os museus são bons para pensar, sentir e agir. Musas: revista brasileirade museus e museologia, Rio de Janeiro, ano 3, n. 3, p. 6-8, 2007.

GOUVEIA, Inês; DODEBEI, Vera. Memória de pessoas, de coisas e de computadores: museus e seus acervos no ciberespaço. Musas: revista brasileirade museus e museologia, Rio de Janeiro, ano 3, n. 3, p. 93-100, 2007.

LOUREIRO, Maria Lucia de Niemeyer Matheus. Webmuseus de arte: aparatos informacionais no ciberespaço. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 2, p. 97-105, maio/ago. 2004.

MELO NETO, João Cabral de. O museu de tudo. In: ______. Museu de tudo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.  p. 25.


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